terça-feira, 28 de junho de 2011

Canção Óbvia
Escolhi a sombra desta árvore para 
repousar do mundo que farei, 
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera 
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e 
conversarei com os  homens.
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
meus pés aprenderás o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirás mais;
meus olhos verás o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de que fazer.
Desconfiarei daqueles que virás dizer-me, “
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso esperar, na forma em que esperas,
porque esses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virás dizer-me, 
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente, antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.
Paulo Freire
Genève, março, 1971

2 comentários:

  1. mariane aparecida dos reis07:22:00

    eu achei muito interesante

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  2. sabrina das graças gonçalves07:29:00

    Eu achei muito inpresionante

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